Uma pequena fábula budista

Contam que o Sakiamuni tinha grande amor pelos animais; que os elefantes se enfileiravam para o levar nas costas; que as formigas disputavam para limpar o terreno de todo obstáculo diante de si até se prenderem nas teias ímpares que as aranhas teciam para que ele repousasse os pés. Antes mesmo de entender a necessidade da compaixão, o buda se deitava na relva para brincar com o Destino e com o Tempo, seus dois gatos, livre de qualquer ambição e com um sorriso entre os lábios que poderia suspender até mesmo o sol no horizonte ou as intenções de Mara. Ao contrário de seus seguidores, o Sakiamuni nunca meditou em silêncio. Dentro de si, uma grande gargalhada de felicidade vazava por seus poros numa miríade de borboletas que cultivava sem saber e que tinham, cada uma, um nome diferente para o amor. Sua grande lição, até hoje mal compreendida, insiste que se procure sempre a fonte daquele riso, extirpada pelo uso danoso da razão. Algumas pessoas, com olhos de buda, conseguem isso com uma facilidade que costuma espantar aqueles que andam por aí caçando borboletas.

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