Hoje não há lembranças,
mas, ao contrário,
lembro tanto.. Lembro de tudo..
E tudo que é bom
adormece em lacunas
jamais preenchidas.
É como se o tempo
desocupasse aquilo tudo
para sempre (como ao sagrado).
Se não há lembranças,
é como se não houvesse vida.
Não houvesse antes. Não houvesse ontem.
Além do mais, quem garante
que estamos datando
realmente o acontecido?
Além do mais, a quem importa
se num lapso de horas –
ou minutos mal contados –
a beira de um mundo desfaz-se
noutra, e nos ocupamos
com o inconcebível?
Que perda de tempo
é calcular prazos para o passado
(não adianta, ele não entende)..
Por que razão (maldito arrependimento)
vamos nos incomodar
com o que não aconteceu?
Pois a questão que importa
não são as lembranças
com hora marcada. Não..
Por outro lado, importa mesmo
é a qualidade do tempo perdido
em que sou teu.