Ninguém viu ainda –
ao que se saiba –
um pássaro testando o ar.
E nunca se soube também
como os peixes se preparavam
antes do primeiro mergulho.
Há coisas que
sempre se deram
ou uma vez começaram?
Ouve o que eu digo:
não há muito o que entender
quando se está dentro de uma caixa,
mas, por parti-la,
os pedaços às vezes acusam
o inimaginável.
No limite, qualquer coisa se acaba.
Sem acúmulo nem edificações,
só uma sucessão de desmanches.
De eterno mesmo, só o abraço dessa criança
apertando sem desespero
a um boneco, sem esperança.
Mesmo o eterno dura poucos dias
e sua desfeita maior
é dissolver utopias.
Como pode pássaro ou peixe
viver num universo destes
que não admite testes?