Para esta página,
nem uma palavra a mais.
Para os dias que se seguem,
nada de retroceder.
Para esta vida sem governo,
um parlamento em ruinas,
uma eloquência vazia,
a fuligem das minas.
2
Nada de obter de volta
os velhos caminhos vazios.
Dei parte de um silêncio tamanho
e agora não sei o que sinto,
mas é como estar de volta –
sempre estranho
(como ouvir vozes trocadas
contra a mesma porta).
3
A melhor parte? Perdeu-se
em algo que eu acho que disse
por obra de outra pessoa
num conto ou lenda infantil.
O que eu vejo não tem importância.
De sobra, a memória de herança
(uma poça de álcool queimando
e um vento eternamente frio).
4
Para quem deseja decifrá-la,
a noite sussurra em cifras.
Para quem busca encontrar
algum sentido em tudo,
resta pouco – e ninguém sabe dizê-lo.
Parece que entendi agora
com alguém que passou no escuro,
mas já não está, já sumiu.
5
De volta ou adiante,
há um momento indiferente.
Não há ninguém olhando
e, no espelho,
um rio atravessa ileso
como um chamado de Iara
(o mistério de estar indefeso
à vida e suas quimeras).