Tem uma só voz o sol.
Voz de um velho.
Certo senhor japonês.
Voz incompreensivelmente clara,
inacessivelmente dura
e que bate com martelos de pau
fazendo buracos no vento,
inoculando a substância do mundo
onde nada mais entra,
desde que foi tudo lacrado por fora.
Mas o velho não quer mais esculpi-lo
e ri, paspalho,
da força grave que emana
sem querer
do seu umbigo.
* * *
Por outro lado, a lua
é coberta de coisas
que nunca foram previstas.
Elementos externos
dos quais ela tem ojeriza
e que querem sempre pregar-lhe
nas vestes
e ela não deixa.
A lua é toda sorrisos,
mas só para o sol prepara
chávenas de chá
em cascas de pêssegos,
a gueixa.