Ao final, somente restarão
estes poemas que falam do amor.
Do amor que não resta em palavras,
de palavras que nem guardam o que é amar.
O mais será como as cócegas
sumindo nas pernas de um cão
e tudo o que impacientou seu sangue
momentaneamente.
A água de amanhã no rio de ontem.
A sede adiada outrora
(enfim saciada).
Todo mundo verte de si “amor”
na esperança de se ver cultivado
alhures.
Depois, dobrado ao fundo de uma caixa
num poema incompreensivel,
o amor abandonado a si mesmo
é uma folha triste e, mesmo assim,
ninguém em são consciência
se libertaria de amar.
Preferimos o seu assalto, mesmo que ele
nos tome a capacidade de entender.
O amor que os poetas cantam
tão mal, às vezes, bem
como caluniosamente.
O amor que tínhamos para dar
guardado num diploma de amante.
Mas o afeto consignado a troco de nada,
afinal, é o que de melhor foi feito.
Agora, repara em ti as avarias.
Pena o teu coração
explodido nessa granada.