Não sei o que procuro tão longe,
eu não invento coisas contra a natureza.
Mais estrelas sob o tecido poroso,
alma das nuvens borrifadas,
não invento.
Não olho nem embaixo da cama
e deixo a porta sempre fechada.
Desorganiza-me o universo
e a obsessão dos quasares
onde eles nem desejariam ser vistos.
Não entendo do que adiantaria.
Mas não resisto.
Há muito céu depois e também sobre
os dias desmoronados.
Nós somos incompententes
para sabê-lo, eu sei, mas foste
sem tempo que eu te avisasse
que o céu ainda não está pronto
como tu sempre me mostravas.
Sempre um pássaro, rastros dos aviões,
fiação dos postes, folhas anônimas
de árvores sem autonomia
o importunavam.
Sempre algo imperfeito, telhas
dobradas pelo vento, a imagem silenciosa
de casas, prédios, madeira, alvenaria.
A mão de alguém passando rápido
tocando um cão pela coleira.
Um cão pela coleira.
Eu diria que
havia muito que melhorá-lo,
sinceramente, mas a realidade
é densa e intratável e se afasta
para uma sorte de ignorâncias.
Será menos suportável de agora
em diante porque me dividias
nem que fosse a vez de um suspiro.
Não há outro céu que eu invente
e é com isso que mais me amedronto:
bem como este céu é incompleto
eu também não estava pronto.