Juro que vi as pernas da tarde
desabarem para dentro.
Tinha a estranha aparência
de quem não voltaria a nascer.
Em direção à floresta, os passos
lentos de uma velha conhecida
que se afasta ao chamado
do último vestígio do dia.
2
A vida é curta, sim. Dura menos
quanto mais se a observa
porque, então, os muros
se tomam de heras
e porque as estradas vacilam
sem força, em extravios,
a vida é curta, e fala de modo
mais simples aos pássaros.
3
Aceita os lugares antes de ir
até eles, ela diz, e que,
trânsfuga, tomaria sem culpas
da minha vida também. Juro
que a deixaria fazê-lo, mas, se
não tenho nada, ofereceria o quê?
Nada, ela diz. E “nada” outra vez.
E agora é hora da noite morrer.