Sei me apressar,
no entanto me prendo
às cores das coisas.
Alguém com muito poder
fundiu-me a elas
confundindo-me para sempre.
Mas eu prefiro
que tudo se demore
antes do próximo passo.
Ante a ele,
me pesa inútil
essa mania de antiguidades,
as coleções de vacilos,
as portas aos descampados,
os descontroles do vento.
Se me encontras
ainda vacilando
é que estou preso
por algo que me ocupa
sem eu saber
e sem que me saibam.
Espécie de personagem
de um autor que ainda
não chegou à primeira linha.
O que eu preferiria
era me antecipar a minha voz
porque esqueço fácil.
Perco-me em lugares conhecidos
e penso que qualquer um seja eu mesmo.
Ao centro do labirinto,
aguardo incrédulo a minha chegada.
Em cada árvore da floresta me vejo,
pois não tenho espelhos nem vidros.
E não chove há muito tempo
para que a água se acumule
esquecida.
O que eu vejo
é uma natureza que nem é selvagem
poreque ninguém ainda a conhece de fora.
Aqui dentro, meus olhos
padecem dos efeitos obscuros
do sol e da lua nova.
Eu ainda não entendo nada.