No escuro

De sua parte, não me tomou nada.
Alguma vez, o desejo de Ícaro –
atravessar as nuvens,
enfrentar o sol: voar..

Um dia abri-lhe a porta
e recusou a violência sólida
da paisagem mal encoberta
pela neblina.

Noutro, mostrei-lhe água
de que ele não quis saber.
Depois, já havia partido
deixando a tarde deserta.

Agora olho o concreto e esqueço
que era ele a incendiar
a paisagem. O peito rubro
prometia cantos entre os muros

maiores que a cidade e o mundo
que ignorava. Não sei o que fez
comigo, essa avezinha, mas deixou
no escuro o que antes iluminava.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s