Não é segredo ou novidade que a grande maioria dos livros sobre o direito são a personificação da chatice empolada, mas os livros escritos sobre a justiça sabem ser tocantes na medida em que não reduzem o ser humano a mero objeto da lei e sua letra fria. Por isso é de lamentar e muito que um livro como Descasos, de Alexandra Szafir, talvez sequer conste ou pelo menos seja mencionado nas bibliografias necessárias à formação dos advogados brasileiros.
Pois é justamente no país em que há mais faculdades formando advogados que em todo o restante do mundo somado que esse livro foi escrito, numa necessidade expressa de registrar a existência de um sem-número de pessoas padecendo pelos descasos da justiça, logo no país onde abunda um contingente gigantesco dos assim chamados operadores do direito.
Ao lado das pesadas doutrinas penais, Descasos: uma advogada às voltas com os direitos dos excluídos, só aparentemente é um livro menor. O formato pocket lembra que pudesse ser uma espécie de livro de bolso, útil sobremaneira àqueles que, nos bancos da faculdade, aprenderam a judicializar a dignidade humana ou a coisificá-la, igualando ou inferiorizando seu valor às coisas materiais.
De caso em caso, ou como quer a autora, de descaso em descaso, rapidamente se percebe que o livro não traz e não quer trazer achados jurídicos inovadores nem remete suas histórias aos territórios hermenêuticos tão cruciais à sobrevivência do estado de direito. De outra forma, a autora mostra que há fraturas no sistema jurídico aguardando operação, mas de um tipo que vem sendo postergada apenas porque nela estão envolvidos especialmente os mais pobres.
Dessas postergações, desses abandonos sistemáticos e sem qualquer sutileza é que se compõem os casos que ela traz. Uns chamarão de mazelas. Outros tantos lhes dirão inevitáveis. Ela, Alexandra, é clara – quase ao ponto de cegar – ao demonstrar que o injusto e o insano das situações que relata se devem, sobretudo, a pessoas que com sua ação vem consolidando o descaso como forma de atenção jurídica e social. Mas se a institucionalização do descaso deveria deprimir a vontade das pessoas, o livro de Alexandra – e seu exemplo de vida – poderia servir para deprimir justamente o estrelismo que ronda parte do judiciário e seus regiamente pagos agentes.
Sobre a vida de Alexandra há muito a ser dito, mas nada que se compare ao imenso legado que registra nas 80 páginas de seu livro. Seu pequeno grande livro que, a despeito da fria letra da lei, aquece o sangue exatamente da forma que é preciso, num momento histórico no qual ainda infelizmente é muito necessário distinguir os homens das coisas. Convém lembrar que Descasos foi produzido livre de custos pelos profissionais da Editora Saraiva e Aero Comunicação e sua renda será revertida à ABRELA – Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica, doença neuromuscular que acometeu Alexandra após os casos relatados no livro e que fez com que o livro fosse escrito com o nariz.
Mas seria uma simplificação grosseira dizer que um livro como Descasos tenha sido escrito com o nariz. Foi toda a Alexandra que o escreveu.
Quando, em meados dos anos 60, o escritor argentino Jorge Luis Borges declarou em entrevista à Paris Review (a entrevista está na edição compilada pela Companhia das Letras, Os Escritores, de 1988, e republicado neste ano sob o nome As Entrevistas da Paris Review) que os faroestes de Hollywood seriam sua preferência cinematográfica, talvez quisesse apenas gerar algum tipo de impacto, de polêmica. Em plenos anos 60, época de prolíficas declarações e proclamadas revoluções, por outro lado Borges talvez estivesse apenas revelando a verdade. O autor que posicionou no mundo o remoto Uqbar e tinha predileção confessa pelo épico, via no faroeste um gênero onde este poderia ainda subsistir, ao tempo que o cinema enveredava por outras lentes e se desenvolvia em plenitude no que hoje é chamado de “cinema autoral”.
Pois é amparado na entrevista de Borges, que já completou pelo menos quarenta anos de vida, que posso revelar que, neste ano, entre o badalado Árvore da Vida, premiado em Cannes, e o derradeiro Melancolia, do polemista Lars von Trier, eu fico com O Planeta dos Macacos – A Origem (The Rise of Planet of Apes, no original em inglês). E tudo em razão de uma única palavra presente no filme que, para muitos, pertence a um gênero que sequer poderia ser chamado de cinema. Há quarenta anos, provavelmente diriam o mesmo dos faroestes de John Ford.
Debater Árvore de Vida ou Melancolia sem incorrer numa repetição de tantas opiniões já publicadas é algo impossível de pretender, por isso nem cogito em tentá-lo. Também não compararei um espécime de um gênero menor do cinema, a ficção científica, a filmes que têm a aura e o esplendor das obras de arte, quer se as considere sublimes ou terríveis. O problema é que uma palavra dita por um macaco, que é cotado inclusive para o próximo Oscar de melhor ator, me mantém estarrecido desde o dia em que assisti ao filme até hoje. A palavra é um sonoroso não.
Na voz do macaco, aquele “não” soa como se fosse a primeira palavra da espécie humana. Contraditoriamente, a sua primeira afirmação autoconsciente, o seu primeiro desejo manifestado como recusa e negação, como alternativa expressiva do ser e do existir, mesmo que entre jaulas ou a barbárie. É o não que tem faltado às pessoas que vivem como que reduzidas a animais pela miséria, pela segregação e pela opressão, seja econômica ou civilizatória. É o não que dorme na boca dos famintos do Sudão e dos escravizados na China, é o não que explode nas ruas do Oriente Médio e do Chile, o mesmo que está sinalizado num mundo onde cada vez mais cabem carros e cada vez menos pessoas. Pois aquele macaco disse não. E assim ele me faz lembrar que estamos ficando menos humanos, porque nós mesmos aceitamos a miséria do mundo por falta de confiança em dizermos não, essa que é a primeira palavra, entre todas.
Um dos elementos que difere a ficção científica dos outros gêneros cinematográficos é justamente a possibilidade de colocar dilemas da humanidade em situações ortogonais, não lineares ou mesmo irracionais. A ficção científica é bem mais que um conjunto de efeitos especiais de encher os olhos. Seu modo de tocar em elementos críticos da humanidade é incomum e, se boa parte dos filmes produzidos hoje podem ser considerados um pastiche de conhecidos sucessos e colagens visuais, há aqueles que conseguem distinguir-se exatamente por abordar situações que, na realidade, são complexas e inacessíveis a boa parte das pessoas. Os filmes de ficção científica, ou sci-fi, conseguem fazer isso de um modo muito peculiar. Não por acaso, um dos grandes últimos filmes do gênero, o blockbuster Avatar, aborda a devastação dos recursos naturais, a indústria bélica e a necessidade um novo pacto com a natureza de uma forma impactante, evidenciando que muitas tentativas reais de educação ambiental e de acordo entre nações beligerantes ainda estão muito aquém do que se pode imaginar e desejar, considerando um planeta que precisa sobreviver a si mesmo.
Muito provavelmente The Rise of Planet of Apes não seja, nem de perto, o melhor filme de ficção científica já feito. Talvez nem considerando os últimos anos. Mas me recuso a discutir seus problemas de coerência e refutabilidade científica, como tem se tentado fazer. É só um filme, talvez nem seja cinema, como querem afirmar alguns. Mas é um filme que grava na mente de quem o vê um não como nunca parece ter sido dito ou, pelo menos, testemunhado. O primeiro não. O não da dissidência, talvez o mesmo que tenha separado Caim de Abel. O não épico, como gostava Borges, e que talvez tenha sido o mesmo que tirou o ser humano de dentro do buraco de uma caverna e o fez fundar a humanidade.
Eu não sei. Um não desses a gente não vê todo o dia.
Eliane Brum é uma autora boxeur. Afirmo isso não pela sua habilidade em derrubar o leitor em cruzados infalíveis, mas por saber conduzi-lo como ninguém ao esgotamento de uma forma que não possa perceber que está indo a nocaute quando, na verdade, já beijou a lona. Assim é a experiência da leitura de Uma duas, seu primeiro romance, publicado há pouco pela editora Leya.
Foi por um cruzado (ou seria um gancho?) que prestei atenção na sua escrita. Isso aconteceu há pelo menos doze anos, quando publicou em Zero Hora um texto chamado Enterro de pobre e que pode ser lido no livro A vida que ninguém vê, vencedor do Jabuti de 2007. Trata-se de uma crônica-reportagem para ser lida sem respirar e que tem como tema a pobreza. Não a pobreza como é descrita pelo IBGE, que afirma haver no Brasil de 2011 pelo menos quinze milhões de pessoas vivendo além do que seria o limite da pobreza extrema (o que há além da pobreza extrema?), não como quem trata de forma evocativa ou numérica a realidade da pobreza ou a classifica, e sim como quem lhe dá qualidade, nome, endereço e destino. No texto, conta o que acontece a uma família que se despedaça e, pela pobreza, não tem sequer onde depositar os seus pedaços. E ela o faz como se friccionasse as palavras em direção aos olhos do leitor, para que se misturem a ele e este não possa mais saber com que olhos está fazendo a leitura. Mas é improvável que se possa explicar uma coisa dessas.
Em Uma duas, Eliane mostra que vem aperfeiçoando essa destreza. Semanalmente ela tem praticado em pé, em sua coluna semanal em Época, e tem enfrentado adversários de peso. Nos últimos tempos, tem escrito sobre a questão ambiental, a vida dos sem-teto, a vaidade dos com-tudo, a frieza da vida urbana, pessoas sem nome, periféricos, estratosféricos, maternidade, pessoas trabalhando, ciberespaço, escolas, ruas, shoppings, violência, identidades, que mais? Em Uma duas ela exercita outra técnica, a do mergulho. O mergulho psíquico de suas duas personagens centrais: mãe e filha. Às vezes fundo quase a ponto de não sobrar tempo para voltar-se à superfície.
Como é sabido, todo mergulho tem o seu risco. Às vezes até pode que seja um risco calculado. Mas há vezes em que um mergulho tem por causa um naufrágio. Em Uma duas, mãe e filha são náufragas exauridas uma pela outra. O cenário da narrativa é quase todo feito por imagens incompletas, como destroços, de uma casa, de um hospital, de uma redação de uma revista, escadarias, janelas para a rua e cenas interrompidas. Mas as lembranças, as impressões, o medo, a raiva, os sentimentos e as sensações são pintados com o pincel da inclemência, da dubiedade e da humanidade, erguendo-se mais alto que as paredes, os sons e o estrondo do mundo físico, das coisas palpáveis. O risco de ler um livro como esse é o de ser arrastado ao seu fundo muito mais que por um pedaço de alguma coisa, como um caco de um elemento decorativo, por um chamado inaudível, uma palavra sem resposta, pelo crispar de unhas, pelo silêncio, companhia da imaginação ou pela imaginação, companhia da solidão.
É do encontro e do desencontro dessas duas mulheres solitárias que surge a narrativa de Eliane, esgueirando-se no estremecimento afetivo e percorrendo trajetos psíquicos sem destino certo e sem qualquer promessa ou indício de um final feliz. São personagens centradas em si mesmas, confundindo espaços, olhares, palavras e afetos. Uma duas tem como uma variante subtropical da cor interior bergmaniana, de quem pode buscar e sabe encontrar a expressão subjetiva do ser humano e seus desejos, mesmo que nas situações mais periclitantes e improváveis.
Essa busca, o desenvolvimento dessa capacidade, Eliane tem feito desde os tempos de Enterro de pobre, sua crônica-gancho-no-queixo. E desfere seus golpes por vislumbrar um outro que descortina sua humanidade aos poucos, às vezes em lágrimas represadas ou sangrando aos borbotões. Seu mergulho em Uma duas poderá consagrar ainda mais sua perícia de boxeur sensível e trazer aos seus leitores a experiência inconfundível de mergulhar no alheamento da vida das pessoas mais comuns e sofridas, como se tivéssemos sempre uma última de chance de darmos as mãos e inutilizar em definitivo os discursos prontos e fáceis. Ainda não concluí a leitura de Uma duas, mas preciso dizer que ela já me fez mergulhar na lona.
“Para que quer ser uma pessoa normal?” Essa é pergunta que Laura, a personagem interpretada por Lola Dueñas, em Yo, también, premiado em 2009 no Festival de Cinema de San Sebastián e ainda inédito no Brasil, faz a Daniel, vivido nas telas pelo espanhol Pablo Pineda. Apaixonado, Daniel vê no apelo à normalidade algo como uma credencial para a concretização de seu desejo de viver integralmente seus próprios desejos. Entretanto é a personagem de Lola quem é desafiada a despir-se de seus preconceitos e aceitar o potencial afetivo dessa relação que une em um extremo uma mulher de meia-idade insatisfeita com a própria vida e, no outro, Daniel, homem que, nascido com a síndrome de Down, luta com ganas por sua emancipação existencial.
Na crítica estrangeira, Yo, también é muitas vezes tratado como se fosse um documentário sobre a deficiência intelectual. Longe disso, é um filme sobre relações humanas, estabelecida entre seres humanos adultos e que buscam sua felicidade e realização em meio ao cotidiano de pessoas comuns. Talvez então fosse mais apropriado classificá-lo entre os filmes de ficção científica, ou você já viu (no cinema ou até mesmo na vida real) pessoas com síndrome de Down sendo retratadas como pessoas adultas e donas do próprio nariz e desejos?
Muito melhor que tudo isso, é um filme divertido, sem ser um filme humorístico ou abusar de apelos cômicos. É divertido porque, como dizem seus diretores, os novatos Antonio Naharro e Álvaro Pastor, na vida é preciso um certo humor, até para poder sobreviver-se a ela. Mas é igualmente dramático na medida em que não abdica de mostrar portas fechadas, desilusões, frustrações ou perdas. O melhor de tudo é que consegue voltar a ser divertido quando mostra a possibilidade vívida de ir-se sempre muito além dos limites sociais e da trivialidade dos preconceitos e dos “nãos” que a vida, em todas as suas formas e estruturas sociais, insistentemente apresenta a quem quer somente o direito de viver a pleno a própria vida.
Trailer do filme
De uma maneira muito própria ao cinema espanhol contemporâneo, no qual as relações afetivas aparecem muito vinculadas ao desejo e à liberdade, seus diretores não procuram um casal com química perfeita, idealizações mesmo que vistos pela lente da “diferença”, mas um choque explosivo de temperamentos no qual o afeto anda de mãos dadas com a angústia, com a incompreensão, mas que é obtido em sua plenitude fora de qualquer clichê costumeiro quando da exposição de pessoas aparentemente “incapacitadas” para a vida afetiva e sexual.
Yo, también exigirá muito da capacidade do público em torcer o nariz diante de relações aparentemente improváveis. Irá incomodar quem pensa que as pessoas têm lugares próprios para existir e o espaço social limitado por abstrações arbitrárias. Surpreenderá aqueles que estão presos a estereótipos e às visões simplistas do ser humano e da deficiência intelectual. De ideias que os reduzem a eternos filhos e crianças, acabando por anulá-los em imagens cristalizadas e condená-los a um mundo ínfimo e sem esperança. Yo, también vai, sem que se possa perceber muito claramente, contar-nos que toda essa representação finalmente está ruindo e que daí não há mais volta. Se há dúvida que isso é possível, assistir o filme poderá ser uma forma simples de perceber o que pessoas como Pablo Pineda e tantas outras estão, pelo mundo afora, fazendo já por suas próprias vidas.
Ator, mas só por um momento
Ao contrário de Lola que, como atriz, já atuou em dois outros filmes, ainda em pós-produção, após Yo, también, Pablo já declarou em entrevista (ver vídeo a seguir) que não pretende voltar a trabalhar como ator. Antes dessa experiência, Pablo já era relativamente conhecido no mundo inteiro por ter sido a primeira pessoa com síndrome de Down, em solo europeu, a lograr um título universitário. Formado em Pedagogia em 1999 e prestes titular-se psicopedagogo, diz que sua participação na produção mudou sua vida, mas queixa-se das perguntas repetitivas dos jornalistas que já o denominaram inclusive de “superdotado”. Dizendo-se uma pessoa realista, Pablo está mais preocupado em lançar novos olhares sobre a síndrome de Down e que, longe de imaginar-se como um ator, prefere ver-se no papel de alguém que luta por oportunidades para as pessoas com deficiência intelectual e que não esquece, por mais holofotes que sejam lançados em sua direção, que esse compromisso diz respeito ao verdadeiro sentido de autonomia individual e responsabilidade coletiva do qual ele dá indícios também na composição de seu papel.
Pablo em entrevista ao programa Cuatro A Raíz
Antes de Pablo, Pascal Duquenne fora premiado em Cannes, por “O Oitavo Dia”
Cena de “O Oitavo Dia”, onde Pascal Duquenne e Daniel Auteuil caminham num campo verde
Treze anos antes da premiação de Yo, también em San Sebastián, em 1996, o belga Pascal Duquenne dividiu com o consagrado ator francês Daniel Auteuil a Palma de Ouro de melhor ator por Le huitième jour (no Brasil, “O Oitavo Dia”), refilmagem de um filme finlandês de 1960. Motivo de grande comoção, O Oitavo Dia estreou a presença de um ator com síndrome de Down representando vigorosamente sua personagem na cena dos festivais internacionais. Foi a primeira vez em que a pessoa com deficiência intelectual era mostrada em grande estilo, em primeiro plano, já não mais como cenário. Ali, entretanto, o tom dramático se fazia bem mais intenso e a personagem vivia como que à deriva, numa situação de abandono que acabaria por levá-la a um desfecho fatal, a despeito de seu “efeito transformador” sobre os outros, principalmente a personagem de Auteuil. Desde então, outros filmes de ficção foram feitos com a presença de atores com síndrome de Down, como o espanhol León y Olvido e o norte-americano My Brother. Igualmente dramáticos e com roteiros muito centrados nos dramas familiares, suas personagens não chegam a transpor as questões de dependência pessoal e focam preferencialmente os aspectos incapacitantes de suas vidas. No mais recente “A Outra Margem”, realização portuguesa de 2007, o tom dramático é amenizado, mas a presença quase-angelical, transformadora dos outros – como em O Oitavo Dia, lança luz a um resgate de dignidade para a vida dos “diferentes”, sejam pessoas com deficiência ou, no caso do filme português, do outro protagonista, um travesti vivido pelo ator Filipe Duarte.
Yo, también não é um filme melhor ou pior que os acima citados, mesmo porque são histórias muito diferentes as aí contadas. O distal entre eles está, entretanto, na proximidade que realiza entre as personagens, como se atravessassem uma ponte que os demais focam à distância ou ignoram por completo. Essa é uma diferença muito importante que não deve ser esquecida. Se os filmes acima podem ser categorizados como filmes sobre a deficiência intelectual, Yo, también deve ficar fora dessa relação e aparecer em uma outra que acaba de inaugurar, como filmes que mostram pessoas e seus desejos, esperanças e dificuldades, entre elas as pessoas com deficiência intelectual. Fora isso, nada de “anormal”. Ainda assim, é um filme diferente. Diferente como ele mesmo. Afinal, não é isso mesmo a diferença?