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Poesia de María Zambrano

María Zambrano Alarcón (1904 – 1991 ) foi uma intelectual, filósofa e ensaísta espanhola. Foi aluna de Ortega y Gasset e também de Xavier Zubiri e de Manuel García Morente. Sua extensa obra apenas foi reconhecida na Espanha no último período do século XX , após um longo exílio. Já idosa, recebeu os dois maiores prêmios literários concedidos na Espanha: o Prêmio Príncipe das Astúrias, em1981, e o Prêmio Cervantes, em 1988. No Brasil, tem uma única obra publicada, o livro Filosofia e Poesia, pela editora  Moinhos, em 2021. As traduções a seguir basearam-se na edição preparada por Javier Sánchez Menéndez para a Ediciones de la Isla de Siltolá, de Sevilha, em 2018.

QUE TUDO se pacifique como uma lamparina.
Como quando o mar sorri,
como o teu rosto, se de repente esqueces…
Esqueces porque eu já esqueci tudo. Não sei de nada.
Nada a teu respeito.
Nada sob tua sombra amarela, semente da árvore do esquecimento.
E tudo será como antes.
Quando nem tu e nem eu havíamos nascido.
Mas… Nascemos?… Talvez não, ainda não.
Nada, ainda nada. Nunca nada.
Somos o agora sem pensamentos.
Lábios sem suspiros, mar sem horizonte,
como uma lamparina que sobrevive ao esquecimento.

QUE TODO se apacigüe como una luz de aceite.
Como la mar si sonríe,
como tu rostro si de pronto olvidas.
Olvida porque yo he olvidado ya todo. Nada sé.
Cerca de ti nada sé.
Nada sé bajo tu sombra, amarilla simiente del árbol del olvido.
Y todo volverá a ser como antes.
Antes, cuando ni tú ni yo habíamos nacido.
Pero, ¿nacimos acaso?… O tal vez, no, todavía no.
Nada, todavía nada. Nunca nada.
Somos presente sin pensamientos.
Labios sin suspiros, mar sin horizontes, como una luz de aceite se ha extendido el olvido.


NEM BRISA nem sombra.
Por que, morte, te escondes assim?
Sai, salta, solta-te desse abismo!
Foge! Quem te segura?
Por que não apagas o universo com o teu olhar?
Por que não desfaz as pedras
com a tua sombra, com a tua morte, só com tua sombra,
com a mão vazia,
com teu rosto de estátua,
presença nua a quem nada resiste?
Ensina, mostra teu rosto para os mundos,
já não há mais espaço
sem céu, sem vento, sem palavras.
Eu só quero afundar no silêncio.

NI BRISA ni sombra.
¿Por qué, muerte, así te escondes?
Sal, salte, sácate de tu abismo, escápate tú, ¿quién te retiene?
¿Por qué no borras con tu mirada el universo?
¿Por qué no deshaces las piedras con tu sombra, muerte, sólo con tu sombra, con tu mano desnuda,
con tu rostro de estatua, desnuda presencia a quien nada resiste?
Enseña, muestra tu cara a los mundos, que ya no haya espacio,
ni cielos, ni viento, ni palabras.
Quiero hundirme en el silencio.


AO MEU ANJO

… Não há mistério,
apenas trabalho, tristeza,
e essa erva amarga.
Mas me conduzes
sem que eu te peça nada.
Sim, eu quero ser as tuas asas
despencadas, derramando
chuva de lágrimas por mim.
Porque tu me lamentas,
lamentas pelo meu ser,
porque sentes o meu amor contigo.
Sou tua feiura, a estranha
impotência a ti confiada.
Como eu te peso,
eu, a invisível,
sou tua pedra,
o óleo que unge tuas asas,
sou teu arrasto
e, nos instantes infinitos,
teu desespero.

Ó Anjo!
Serei eu teu inferno?
Eterno retorno
da tua leveza que aprisionei.
De uma forma obscura
eu me ponho a teus pés
para ser queimada, esfumada,
vítima necessária da tua liberdade.
Não me deixe existir,
é o que te peço.
Avalia bem,
sou tu, mas irredutível.
Até quando vai
a tua condenação?

A MI ÁNGEL

… Y no hay misterio
sólo trabajos, pesadumbre,
y esa amarga yerba.
Pero tú me conduces
y nada te pido.
Sí, quiero ser tus alas
caídas, ahora, llanto,
lluvia de lágrimas por mí.
Porque tú me lloras,
lloras mi no ser
porque me sientes amantísima a tu lado.
Soy tu fealdad, tu impotencia
extranjera a ti confiada.
Cómo te peso,
yo, la invisible,
soy tu piedra,
el aceite que unta tus alas,
tu rémora
y, en instantes infinitos,
tu desesperación.

¡Oh, Ángel!
¿Seré tu infierno?
Eterno retorno
de tu ligereza por mí aprisionada.
Como una oscura cosa
me ofrezco a tus pies
para ser quemada, ahumada,
víctima necesaria de tu libertad.
No me dejes existir, pues que te
peso.
Tú me mides,
soy tu irreductible,
¿hasta cuándo?,
tu condena.


FALA UMA PEDRA

Porque me olharam, porque fui levada, possuída, deixei de viver.
Enfeitiçada, sou apenas um apoio, mas nada me sustenta.
Sempre aqui,
súdita do espaço.
Onde está agora o olhar que me fascinara?
Precisavas de mim para ser tua sombra?
Possuidora, és tão frágil que só com mágica te estabeleces.
Tu, aquela que nasceu assustada, a inválida,
tu me amaste para então cair sobre mim.
O amor que indicas, me diz, é isso?
Eu era luz, reflexo, mas e tu? Diz,
não podias
revelar-te a mim?
Mas não; eu sou o teu ser, eu, teu suporte.
Eu, enterro do meu ânimo e prova do teu não-ser.
Agora, estás longe.
E andas, mendiga, em busca de comida.
Feitiços de alma, gestos do Senhor.
Novos amigos, ainda invisíveis, virão me procurar.
Não, eles cairão, cairão para que tu te ergas, levantes.
Tu virás me procurar, já sem me conhecer, sem saber.
Mas eu sei. Eu não sei de nada.
Eu sou a memória
acusadora, que nada trai, resistente, adversária.
Eu, peso de tua história.
Eu, também a tua calma.
O lugar maleável
e hostil que não se opõe a ti.
Tu poderás?
E também sou tua calúnia, a mentira já lançada, e não me temas.
Tu me nomeias: matéria.
Nada mais.
Mas tu voltas, alienada, cúmplice, derrotada.
Como és ignorante… a sábia.

HABLA UNA PIEDRA

Porque he sido mirada, porque fui tomada, poseída, cesé de vivir.
Hechizada, sólo soy un soporte, mas nada me sostiene.
Aquí, siempre
súbdita del espacio.
¿Adonde estás, ¡ah!, mirada que me fascinaste?
¿Me necesitabas para ser tu sombra?
Poseedora, tan frágil que necesitas hechizar para erigirte.
Tú, la que naciste asustada, la inválida,
me amaste para caerte en mí.
El amor que nombras, dime, ¿es eso?
Era yo luz, reflejo, ¿y tú? Di,
¿no podías
revelarme tu ser?
Pero no; yo soy tu ser, Yo, tu soporte.
Yo, sepultura de mi aliento y prueba de tu no-ser.
Estás ahora lejos.
Andas, pordiosera, en busca de alimentos.
Hechizas alma, gestos del Señor.
Nuevos compañeros, ya invisibles, vendrán a buscarme.
No, caerán, solamente esos caerán para que tú te erijas, te levantes.
Tú vendrás a buscarme, tú, ya sin conocerme, sin saber.
Pero yo sé. Yo sé nada.
Yo soy memoria
acusadora, delatora nada, resistente memoria, adversaria.
Yo, peso de tu historia.
Yo, también tu calma.
Yo, el lugar manejable[7]
y el hostil no que se te opone.
¿Podrás?
Soy también tu calumnia, tu mentira ya arrojada, y no me temas.
Me nombras: materia.
Nada más.
Pero vuelves, enajenada, cómplice, vencida.
Ignorante tú, la sabia.


ESTOU MUITO exausta para escrever, muito ocupada. Só podia mesmo fazer poesia, porque poesia é tudo e nela não é preciso dividir-se. Pensar divide a pessoa; de outro modo, o poeta é sempre um. Daí a angústia indescritível, e daí a força e a legitimidade da poesia.

ESTOY DEMASIADO rendida para escribir, demasiado poseída. Sólo podría hacer poesía, pues la poesía es todo y en ella uno no tiene que escindirse. El pensar escinde a la persona; mientras el poeta es siempre uno. De ahí la angustia indecible, y de ahí la fuerza y la legitimidad de la poesía.

Trânsfuga, 2

Como se ontem estivesse aqui
essa parede que não estava

e onde subi a encosta
e busquei romper o silêncio.

Como é imenso atravessar o tempo,
morrer em suas mãos..

O mais são certezas vãs, meio loucas,
empobrecidas, adulteradas.

E a noite que faz convites
com sonhos que não pretende cumprir.

Poesia de Hannah Arendt

Prometida para o ano de 2020, a edição brasileira dos poemas de Hannah Arendt ainda não aportou nas livrarias nacionais. Tampouco há notícia de que o lançamento esteja no prelo ou ao menos a caminho. O hiato não é bem uma novidade: entre os anúncios de publicação e o efetivamente publicado, sempre restam lacunas. Ao contrário de outros países, no Brasil a poesia de Hannah Arendt infelizmente parece ter caído nesse limbo editorial.

Com poemas escritos entre 1923 e 1961, sua produção é a de uma poeta bissexta que, todavia, praticou os versos ao longo de toda a sua vida. Na edição completa de sua poesia, têm sido considerados os 71 poemas publicados em 2015 na Alemanha sob o título Ich selbst, auch ich tanze, pela Piper Verlag.

As traduções mundo afora não demoraram. No mesmo ano de publicação, em 2015, a espanhola Herder Editorial publicou o trabalho de tradução organizado por Alberto Ciria, intitulado Poemas e que traz o posfácio da professora e estudiosa Irmela von der Lühe, da Universidade Livre de Berlim, também presente na edição alemã. Em 2020, em Portugal, publicou-se uma coleção limpa de seus poemas pela Sr Teste, traduzidos por José Aigner. Nos Estados Unidos, prepara-se a edição para o começo de 2023 do trabalho de tradução da pesquisadora e biógrafa de Arendt, Samantha Rose Hill. Em artigos e estudos, traduções de seus poemas apareceram ainda antes: na década de 1990 na França e em torno de 2013 no Brasil, em trabalho apresentado por Odílio Aguiar e Rosiane Mariano, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Amiga pessoal de muitos poetas, entre eles W. H. Auden, com quem se correspondeu e a quem dedicou um célebre ensaio na New Yorker, Arendt, contudo, nunca se identificou como poeta e toda a sua produção conhecida em livro é póstuma. Entre seus poetas preferidos, os nomes de Schiller, Heine, Goethe e o seu contemporâneo Bertold Brecht.

Estranharão os leitores, talvez, o encontro com uma poesia muito amorosa e com muitas referências aos amigos. As edições incluem um poema aqui traduzido, escrito por Arendt aos 17 anos, ou seja, uma produção bastante precoce. A segunda leva de seus poemas, coincidente com o período da Segunda Guerra Mundial, reflete mais o espírito da época. Nos últimos anos de vida, Arendt parece não ter mais escrito poesia.

Nota – 01/05/2023. Em abril de 2023, a editora Relicário publicou a primeira edição de Também eu danço, bilíngue, traduzida por Daniel Arelli.

[5] Müdigkeit

Dämmernder Abend –
Leise verklagend
Tönt noch der Vogel Ruf
Die ich erschuf.

Graue Wände
Fallen hernieder,
Meine Hände
Finden sich wieder.

Was ich geliebt
Kann ich nicht fassen,
Was mich umgibt
Kann ich nicht lassen.

Alles versinkt.
Dämmern steigt auf.
Nichts mich bezwingt –

Cansaço

Como um lamento silencioso
o crepúsculo soa ainda
a chamada dos pássaros
que eu criei.

Paredes cinzentas
desmoronam
enquanto minhas mãos
se reencontram.

O que vim a amar
não posso pegá-lo.
O que me rodeia
não o posso deixar.

Tudo se funde.
Paira o poente.
Nada me poderá submeter:
assim a vida segue seu curso.


[20] An die nacht

Neig Dich, Du Tröstende, leis meinem Herzen.
Schenke mir, Schweigende, Lindrung der Schmerzen.Deck Deine Schatten vor Alles zu Helle –
Gib mir Ermatten und Flucht vor der Grelle.

Lass mir Dein Schweigen, die kühlende Löse,
Lass mich im Dunkel verhüllen das Böse.
Wenn Helle mich peinigt mit neuen Gesichten;
Gib Du mir die Kraft zum steten Verrichten.

Para a noite

Tu que consolas, inclina-te muda sobre meu coração.
Tu que te aquietas, reserva alívio às minhas dores.
Cobre com tua sombra o que está claro demais
e me traz indiferença para que eu fuja ao estridor.

Deixa para mim teu silêncio, a tua libertação.
Deixa que se oculte o mal em meio à escuridão.
E quando a luz me atormentar com novos fantasmas
dá-me força para prosseguir meu desígnio.


[36] Ohne titel

Flüsse ohne Brücke
Häuser ohne Wand
Wenn der Zug durchquert es –
Alles unerkannt

Menschen ohne Schatten
Arme ohne Hand

Sem título

Rios sem pontes,
casas sem paredes:
não se reconhece nada
à passagem do trem.

Homens sem sombras,
braços sem mãos.


[55] Ohne titel

Helle scheint
in jeder Tiefe;
Laut ertönt
in jeder Stille.
Weckt das Stumme –
dass es schliefe! –,
hellt das Dunkel,
das uns schuf.

Licht bricht
alle Finsternisse,
Töne singen
jedes Schweigen.
Nur die Ruh’
im Ungewissen
dunkelt still
das letzte Zeigen.

Sem título

Não há profundidade
onde a clareza não brilha e
nem silêncio
onde o som não ressoa.

Desperta o silêncio –
mesmo que permaneça dormindo! – .
Ilumina a escuridão
que nos criou.

Não há trevas que a luz não vença
nem silêncio que não se entoe.

Mas essa calma
que repousa no incerto
silenciosamente nos obscurece
como um epílogo.

No escuro

De sua parte, não me tomou nada.
Alguma vez, o desejo de Ícaro –
atravessar as nuvens,
enfrentar o sol: voar..

Um dia abri-lhe a porta
e recusou a violência sólida
da paisagem mal encoberta
pela neblina.

Noutro, mostrei-lhe água
de que ele não quis saber.
Depois, já havia partido
deixando a tarde deserta.

Agora olho o concreto e esqueço
que era ele a incendiar
a paisagem. O peito rubro
prometia cantos entre os muros

maiores que a cidade e o mundo
que ignorava. Não sei o que fez
comigo, essa avezinha, mas deixou
no escuro o que antes iluminava.

El espejo

Los errores del dia
asombran la noche
hasta que un monstro
infatigable alcanze los piés.

A quién tendría de correr –
o huir a algún lado –
los errores avanzam
y amenazam con lanzas.

Clavan en el espejo
incluso la muerte
de la imagene perfecta
y lo perpasan.

1939

Uma valsa sem corpos
e almas abandonadas

vagando em salões
vazios e escuros.

Uma noite em que os
barcos zarparam

antes que se pudesse
embarcar.

A primavera antes do ano
em que não houve verão.

Um dedo apontando o calendário
rasurado sobre o balcão.

Daltônico, 2

Sei me apressar,
no entanto me prendo
às cores das coisas.

Alguém com muito poder
fundiu-me a elas
confundindo-me para sempre.

Mas eu prefiro
que tudo se demore
antes do próximo passo.

Ante a ele,
me pesa inútil
essa mania de antiguidades,

as coleções de vacilos,
as portas aos descampados,
os descontroles do vento.

Se me encontras
ainda vacilando
é que estou preso

por algo que me ocupa
sem eu saber
e sem que me saibam.

Espécie de personagem
de um autor que ainda
não chegou à primeira linha.

O que eu preferiria
era me antecipar a minha voz
porque esqueço fácil.

Perco-me em lugares conhecidos
e penso que qualquer um seja eu mesmo.
Ao centro do labirinto,

aguardo incrédulo a minha chegada.
Em cada árvore da floresta me vejo,
pois não tenho espelhos nem vidros.

E não chove há muito tempo
para que a água se acumule
esquecida.

O que eu vejo
é uma natureza que nem é selvagem
poreque ninguém ainda a conhece de fora.

Aqui dentro, meus olhos
padecem dos efeitos obscuros
do sol e da lua nova.

Eu ainda não entendo nada.

Regeneração

Com a mesma vontade indolente
o osso espreita o cão.

Num momento como esse
até os alicerces do prédio
anseiam por debandar.

A lua nesse meio tempo
não entende o que faz
e se recusa a nascer.

A espera é esgotante
do tempo que ficou tarde.

O irremediável? O que fazer
senão tolerá-lo?

2

Ligo o rádio um instante
pelas notícias mais fúteis.

Preciso saber melhor
o clima que fazia ontem.

Quem disse o quê e porquê.

Alguém prestou atenção?

3

Uma vez um amigo poeta disse
que, na boa poesia, as musas estão dormindo
em nosso lugar, e assim é que nos sonham
potentes e capazes de arruinar
o medo e nossas incapacidades.

E que não se ouse acordá-las
porque então as metáforas se tornam
mortíferas, como analogias
desprovidas de imaginação.
Duras como a vida na verdade é.
A verdade sem metáforas.

4

Em algum momento – isso é claro –
o osso cederá ao cão.

É a mesma espécie de consolo
que nos oferece o tempo.

Os alicerces acomodarão a cervical
e as vidas acima voltarão ao calendário
a que estão habituadas.

5

Mas o estado de exceção em nós
é estranhamente reconfortante
do que nos mantém absortos, cativos.

Às vezes, isso só tem mais clareza,
como se em contraluz.

E depois o desconforto das coisas invertidas
também se cansa de si, puxado pelas
mãos do real. Esgota-se inerte.

E porque não lhes resta alternativa
serão regeneradas
as coisas em sequência.

6

Eu olho melhor e tudo já parece mais óbvio
e ordinário. Como é preciso que seja.

7

Mas essa fome inquieta
do osso pelo cão
tem sua função também.

Ela que nos instrui
que nunca o prédio será
reconstruído como antes.

Sem forma original,
a vida é sempre modificada
para sempre.

Só mesmo a sede
dos que se encontram em Deus
consegue ser saciada
quer se chame o que seja isso “Deus”.

Bem aventurados os que entendem
a sua oferta silenciosa.